quarta-feira, 13 de maio de 2009

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummont de Andrade

4 comentários:

Henrique disse...

Se amor tivesse razão não seria mais amor, seria algo compreensível; e tudo que assim o é não contém magia.

Anônimo disse...

Inexplicável, incompreensível... ...aii tão lindo! *-*

Anônimo disse...

Gabi, indiquei seu blog la no meu ta, tem um selo pra vc colcar aqui se quiser! ;)

Thaís Cavalcanti disse...

Este poema - como muito do que vem de Drummond - é maravilhoso.